Era uma vez, em um canto
esquecido de um porão empoeirado, um Fuzil enferrujado e uma Bíblia
encadernada em couro envelhecendo lado a lado. O Fuzil, em sua glória passada,
costumava se gabar de seu poder. "Eu sou a força!", rosnava ele.
"Comigo, a história é escrita, e os destinos são selados. Eu trago o
respeito, o medo, a ordem!"
A Bíblia, serena e empoeirada,
nunca respondia às provocações. Suas páginas, amareladas pelo tempo, guardavam
histórias de amor, perdão e sabedoria. O Fuzil, por vezes, zombava de seu
silêncio. "Você, com suas palavras mansas, o que pode fazer? Apenas
consolar os fracos!"
Um dia, um jovem, com o rosto
marcado pela tristeza e a alma dilacerada pela dor, entrou no porão. Seus olhos
percorreram o ambiente até pousar no Fuzil. Com um brilho sombrio, ele estendeu
a mão para pegá-lo. "Com isso", murmurou o jovem, "farei justiça
à minha própria maneira. Acabarei com a dor que me consome."
Mas, antes que seus dedos
tocassem o metal frio do Fuzil, seus olhos desviaram para a Bíblia. A capa de
couro, apesar da poeira, parecia convidativa. Pela primeira vez em muito tempo,
a curiosidade o venceu. Ele pegou a Bíblia e começou a folhear suas páginas,
buscando algo, qualquer coisa, que pudesse amenizar o vazio em seu peito.
À medida que lia, as palavras da
Bíblia começaram a ecoar em sua alma. Não eram palavras de poder bruto, mas de
um poder diferente: o poder da compreensão, do acolhador, do sentido. As
histórias de superação, de amor ao próximo e de fé, lentamente, foram acalmando
seu coração atormentado.
O Fuzil, antes tão imponente,
jazia esquecido no canto, seu brilho outrora orgulhoso, agora insignificante. O
jovem, imerso na leitura, sentiu uma paz que há muito não conhecia. Ele
percebeu que a verdadeira força não residia na capacidade de destruir, mas na
capacidade de construir, de perdoar e de encontrar esperança mesmo nas situações
mais sombrias.
Lição de moral: O poder destrutivo pode impor o
medo e a submissão, mas é a sabedoria e a compaixão que realmente transformam
vidas, trazem paz duradoura e curam as feridas da alma.
Capa do livro "A fé o fuzil: Crime e religião no Brasil do século XXI" de Bruno Paes Manso |
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