O quinto elemento e a Priscilla

Nos últimos dias a ex cantora gospel, Priscilla Alcântara apareceu com um visual que rendeu assunto na mídia.

 A cantora agora só quer ser reconhecida como "Priscilla" e se diz liberta do que ela chama de fundamentalismo religioso. 

Essa nova era da cantora me chamou a atenção, justamente pelo visual adotado. Não tecerei uma crítica aos cabelos vermelhos e suas tatuagens, o que me impressiona é a semelhança com uma personagem do filme "O quinto elemento". 




Milla Jonovich em "O quinto elemento"


Certa vez li um artigo sobre o pensamento dos pré-socráticos em relação aos chamados "quatro elementos". 

Segue o trecho do artigo de Mozart Lacerda Filho, originalmente escrito em 13/06/2010

"Empédocles (495 – 435 a.C.) dedicou-se à medicina e à política, destacando-se como um grande democrata. Escreveu uma série de obras, todas elas em verso, sendo as de maior importância aquelas Sobre a Natureza e Purificações. Afirmava que os elementos materiais básicos do Universo eram quatro: terra, ar, fogo e água. Tudo o que existe no mundo é formado a partir dessas quatro raízes.

Mas na criação das coisas havia, além dos quatro elementos, duas forças opostas: o amor e a discórdia. Essas forças determinavam o desenvolvimento do Universo. Dessa forma, quando os quatro elementos eram orientados pelo amor, aquilo que eles formavam era carregado de harmonia. Mas se, ao contrário, ao invés do amor, a orientação dos quatro elementos fosse determinada pela discórdia, o resultado seria impregnado de desamor.

É claro que a origem do Universo exige respostas bem mais complexas do que as fornecidas por Empédocles. Mas é impossível não observar a atualidade de seu pensamento, sobretudo num momento em que a qualidade de nossas ações parece depender diretamente das boas ou más intenções que nelas aplicamos. Empédocles antecipa uma discussão acerca do poder dos nossos afetos e de como eles determinam nossas ações.

Lançado em 1997, o filme O Quinto Elemento, claramente inspirado na teoria de Empédocles, narra uma futurista história na qual quatro pedras, cada uma representando um elemento da natureza (água, ar, terra e fogo), precisam ser encontradas para que não caiam em mãos inimigas. Quando unidas, essas pedras liberam uma força imensa. Se conduzida pela discórdia, essa força pode destruir o planeta Terra. Por isso é muito importante que elas não caiam em mãos erradas.

A atriz Milla Jonovich faz o papel do quinto elemento. Ela é um ser alienígena sem maldade e de coração puro, por isso, recebendo a missão de proteger os quatro elementos. A metáfora é simples: ela simboliza o amor e as boas intenções que devem estar na base das nossas ações."

Observe bem esse final. A metáfora é que o quinto elemento, a personagem principal do filme, simboliza o amor.

A Priscilla nos últimos anos dialogou com pautas sociais e com os discursos das minorias, tornando-se mais uma artista que abraça estas causas e seus ideias e para tal, ela teve de abrir mão da carreira no mundo gospel, entrando para o pop, se desvinculando também de instituições religiosas. O que me chama a atenção no visual assumido por ela é que parece que esta quis de fato mostrar que assim como a personagem de Milla Jonovich, a cantora traz uma mensagem de amor em contraste com a mensagem que é pregada pelos fundamentalistas (segundo a própria). 

Pode ser sim viagem minha, mas que ela parece estar fazendo cosplay da personagem citada, isso parece. Não faço juízo de suas motivações, não opinarei, por hora, sobre a postura antirreligião adotada pela cantora, mas ultimamente tem uma "leva" de cantores gospels que passaram pelo mesmo processo, como Kleber Lucas e Jotta A, entre outros. Porém, essa reflexão fica para outra postagem! 

E aí, caro leitor, você também acha que há uma mensagem por trás do novo visual da Priscilla, ou é apenas uma conjectura sem nexo, minha? 

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