Nos últimos anos podemos observador o ressurgimento de um grupo político-ideológico que, no Brasil, estava extinto desde o fim do regime militar. Após anos e anos de governos de esquerda em todas as esferas, parece que a dita Direita renasceu, tendo como principal ícone o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) que já aparace com 8% a 10% das intenções de votos para a Presidência em 2018.
Muitos não sabem identificar o que é ser de esquerda e o que é ser de direita. Talvez seja porque a atual geração foi ensinada a crer em um falso dualismo em que a DIREITA representa os RICOS que odeiam POBRES e a ESQUERDA representa a classe TRABALHADORA OPRIMIDA que busca por igualdade social. Não só os jovens, mas estes em especial tem o desejo de promover a justiça social e dentro das instituições de ensino foi incutido na mente deste que só na militância esquerdista é possível lutar por melhorias para as classes mais pobres, diminuir a desigualdade social. E não é assim! Vamos aqui nos livrar de todo preconceito que o nome DIREITA carrega antes de analisarmos de fato o que é ser de DIREITA e o que é ser de ESQUERDA.
Já vi até a PUC-SP divulgar um diagrama em que só o PSOL seria de esquerda, o PT seria centro e o restante de direita, um absurdo sem igual. No Brasil, só temos um partido político de Direita que é o PARTIDO NOVO, que ainda é inexpressivo, o que temos são políticos identificados com a Direita, com o conservadorismo moral, com o pensamento liberal economicamente dentro destes partidos que não são de direita, inclusive estes, hoje, são maioria no Congresso Nacional.
Abaixo segue uma análise interessante de Olavo de Carvalho reproduzida por Felipe Moura da Veja.
Como muitos leitores e quase todos os militantes não sabem muito bem que diabos é isso de “direita” e “esquerda” de que todo mundo fala, convém “eternizar” aqui no blog um post para esclarecer afinal esses dois conceitos básicos tão presentes no dia a dia do debate público no Brasil e no mundo. Eis a melhor síntese a respeito já publicada em nosso país. Volto em seguida:
(…) Normalidade democrática é a concorrência efetiva, livre, aberta, legal e ordenada de duas ideologias que pretendem representar os melhores interesses da população: de um lado, a “esquerda”, que favorece o controle estatal da economia e a interferência ativa do governo em todos os setores da vida social, colocando o ideal igualitário acima de outras considerações de ordem moral, cultural, patriótica ou religiosa. De outro, a “direita”, que favorece a liberdade de mercado, defende os direitos individuais e os poderes sociais intermediários contra a intervenção do Estado e coloca o patriotismo e os valores religiosos e culturais tradicionais acima de quaisquer projetos de reforma da sociedade.
Representadas por dois ou mais partidos e amparadas nos seus respectivos mentores intelectuais e órgãos de mídia, essas forças se alternam no governo conforme as favoreça o resultado de eleições livres e periódicas, de modo que os sucessos e fracassos de cada uma durante sua passagem pelo poder sejam mutuamente compensados e tudo concorra, no fim das contas, para o benefício da população.
Entre a esquerda e a direita estende-se toda uma zona indecisa de mesclagens e transigências, que podem assumir a forma de partidos menores independentes ou consolidar-se como política permanente de concessões mútuas entre as duas facções maiores. É o “centro”, que se define precisamente por não ser nada além da própria forma geral do sistema indevidamente transmutada às vezes em arremedo de facção política, como se numa partida de futebol o manual de instruções pretendesse ser um terceiro time em campo.
Nas beiradas do quadro legítimo, florescendo em zonas fronteiriças entre a política e o crime, há os “extremismos” de parte a parte: a extrema esquerda prega a submissão integral da sociedade a uma ideologia revolucionária personificada num Partido-Estado, a extinção completa dos valores morais e religiosos tradicionais, o igualitarismo forçado por meio da intervenção fiscal, judiciária e policial. A extrema direita propõe a criminalização de toda a esquerda, a imposição da uniformidade moral e religiosa sob a bandeira de valores tradicionais, a transmutação de toda a sociedade numa militância patriótica obediente e disciplinada.
Não é o apelo à violência que define, ostensivamente e em primeira instância, os dois extremismos: tanto um quanto o outro admitem alternar os meios violentos e pacíficos de luta conforme as exigências do momento, submetendo a frias considerações de mera oportunidade, com notável amoralismo e não sem uma ponta de orgulho maquiavélico, a escolha entre o morticínio e a sedução. Isso permite que forjem alianças, alternadamente ou ao mesmo tempo, com gangues de delinqüentes e com os partidos legítimos, às vezes desfrutando gostosamente de uma espécie de direito ao crime.
Não é uma coincidência que, quando sobem ao poder ou se apropriam de uma parte dele, os dois favoreçam igualmente uma economia de intervenção estatista. Isto não se deve ao slogan de que “os extremos se tocam”, mas à simples razão de que nenhuma política de transformação forçada da sociedade se pode realizar sem o controle estatal da atividade econômica, pouco importando que seja imposto em nome do igualitarismo ou do nacionalismo, do futurismo utópico ou do tradicionalismo mais obstinado. Por essa razão, ambos os extremismos são sempre inimigos da direita, mas, da esquerda, só de vez em quando.
A extrema esquerda só se distingue da esquerda por uma questão de grau (ou de pressa relativa), pois ambas visam em última instância ao mesmo objetivo. Já a extrema direita e a direita, mesmo quando seus discursos convergem no tópico dos valores morais ou do anti-esquerdismo programático, acabam sempre se revelando incompatíveis em essência: é materialmente impossível praticar ao mesmo tempo a liberdade de mercado e o controle estatal da economia, a preservação dos direitos individuais e a militarização da sociedade.
Isso é uma vantagem permanente a favor da esquerda: alianças transnacionais da esquerda com a extrema esquerda sempre existiram, como a Internacional Comunista, o Front Popular da França e, hoje, o Foro de São Paulo. Uma “internacional de direita” é uma impossibilidade pura e simples. Essa desvantagem da direita é compensada no campo econômico, em parte, pela inviabilidade intrínseca do estatismo integral, que obriga a esquerda a fazer periódicas concessões ao capitalismo.
Embora essas noções sejam óbvias e facilmente comprováveis pela observação do que se passa no mundo, você não pode adquiri-las em nenhuma universidade brasileira (…).
VOLTEI.
Isto que vai acima é um trecho do artigo “Democracia normal e patológica – 1“, de Olavo de Carvalho, publicado no dia 5 de outubro de 2011 no Diário do Comércio e incluído por mim no capítulo “Democracia” do nosso best seller O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota, o livro que esclarece essas e outras questões sobre a experiência individual, mental, social, cultural, política e intelectual brasileira.
Se você não quer ser uma Luciana Genro ou qualquer militante do PSOL, que usam conceitos como rótulos apenas para atacar adversários ou fazer os velhos aliados parecerem mais moderados do que são (como ao chamar o PT de “direita”), entender o que os conceitos realmente significam na realidade é fundamental para se conectar com ela. (E aos inocentes úteis, nunca é demais lembrar que o governo militar brasileiro foi estatizante, o que é um aspecto esquerdista, embora a esquerda insista em rotulá-lo como exemplo-mor de direitismo aplicado.)
A democracia no Brasil ainda está doente, como mostram mais uma vez as eleições deste ano, disputadas por três candidatos apenas de esquerda (Dilma, Marina e Aécio), mas para curá-la não há dúvida de que é preciso primeiro saber identificar a doença.
Felipe Moura
Então caros leitores, como em uma conversa que tive com amigos no dia de ontem, repito: A direita foi estigmatizada como ideologia anti-povo e criou-se uma aversão inclusive nos partidos políticos em se identificarem com essa ideologia, mesmo assumidamente conservadores estes não queriam ficar marcados como a "DIREITA FASCITA OPRESSORA". Adeptos de Paulo Freire e sua Pedagogia do OPRIMIDO se reproduzem aos montes nas universidades, mas isso não impediu que como sequela de anos de governos de esquerda enfim voltasse ao cenário político brasileiro a DIREITA. Direita esta que pode ser dividida em alguns outros grupos como podemos ver no texto lido, sobre isso falarei com mais enfoque em outra postagem.
Um forte abraço
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