Lucy é uma garota negra de 14 anos, escravizada em uma fazenda do
Kentucky, nos Estados Unidos, em 1848. Durante a adolescência, ela entra em
conflito com as injustiças do sistema escravagista e terá de tomar decisões que
podem colocar sua segurança em risco e abrir caminho para a resistência
abolicionista.
Acatar ordens ou desobedecer a Casa Grande? Cumprir todas as
tarefas exigidas ou sabotar a fazenda em nome da liberdade? E se você estivesse
lá, o que faria? Esse é um dos roteiros de Mission US, um jogo de RPG americano
disponível gratuitamente online. Basta se registrar no site para jogar via
streaming e download.

O game foi desenvolvido pela Thirteen/WNET New York Public Media, para
envolver estudantes do ensino médio de história nos Estados Unidos e funciona
para aproximar a realidade histórica dos personagens, da mesma faixa etária dos
usuários.
Encarnar no meio virtual as situações do dia a dia de um
adolescente, ainda que em contextos totalmente diferentes, ajuda a entender
como a história é feita por uma sequência de pequenas e grandes decisões que
podem definir os rumos de uma nação.
E sentir na pele os conflitos de Lucy é também pagar o preço pelas
escolhas que se faz durante o jogo e experimentar no meio virtual as agruras de
ser vendido para longe da família ou de receber castigos do feitor. Ainda que
nada seja explícito ou violento.
Game ou aula
Mission US ainda tem outros dois roteiros disponíveis atualmente.
O usuário também pode escolher por viver o papel de Nat, de 14 anos de idade, a
caminho de Boston para ser aprendiz de tipógrafo em 1770, período histórico de
conflitos entre a coroa britânica e a colônia norte-americana. O ápice do jogo
é o Massacre de Boston, onde Nat terá de escolher o lado do embate.

Ou se preferir, o usuário ainda pode experimentar a perspectiva de
uma tribo indígena Cheyenne, em 1866, que sofre com a invasão dos colonos
brancos e as expedições militares norte-americanas na expansão para o Oeste dos
Estados Unidos. O adolescente Little Fox, de 14 anos, vai decidir como reagir à
invasão de terras de sua tribo, que luta para resistir.
A série de RPG foi produzida com financiamento da Corporation for
Public Broadcasting (CPB), uma corporação privada, sem fins
lucrativos, criada pelo Congresso americano para investimentos do governo
federal em meios de comunicação pública – radiodifusão e serviços online.
Por isso mesmo, o site interativo Mission US tem um propósito
pedagógico e oferece recursos e materiais que podem ser utilizados por
professores em sala de aula, para integrar o jogo no currículo escolar.
Lançado desde setembro de 2010, o game já tem mais de 600 mil usuários
registrados em todos os 50 estados norte-americanos e em outros países do
mundo.
O ritmo desse RPG valoriza a reflexão para a sequência de tomada
de decisões a cada capítulo percorrido na missão, já que o peso de cada
resposta pode mudar o futuro do personagem. Mission US é um convite a uma
experiência muito diferente da alta velocidade a que os adolescentes estão
habituados no meio virtual.

Novas Missões
A saga da adolescente escrava Lucy, o role-play game Mission 2, já
conquistou o prêmio de melhor trabalho na categoria Juventude, do Japan Prize 2013,
por popularizar o conhecimento histórico e despertar a análise crítica de forma
interativa e digital.
Outros dois roteiros de Mission US estão em fase final de criação.
O próximo a ser lançado, ainda em 2014, é “The Sidewalks of New York”, uma
imersão na vida urbana do início do século XX através da experiência de um
jovem imigrante judeu que se envolve no movimento operário diante do aumento da
cultura de massa da época, o grande contingente de trabalhadores em fábrica e a
luta por melhores condições de trabalho.
A missão número 5 está prevista para 2015. É “California or Dust”,
que vai reviver o período da Grande Depressão nos personagens gêmeos, de 14
anos de idade, que têm que migrar para a Califórnia depois da crise no campo.
Esse será o primeiro projeto também lançado com o aplicativo de tablet.
A intenção da Thirteen é ampliar ainda mais o número de missões em
consonância com o currículo da história americana e investir nas múltiplas
plataformas para conquistar um maior número de usuários.
A seguir, um bate-bola com Sandra Sheppard, diretora e
produtora-executiva da área Children’s & Educational Media da
Thirteen/WNET, criadora do Mission US. Ela conta como surgiu a ideia de usar um
game para ensinar História. Para ler mais, clique aqui.
Comentários
Postar um comentário